5.2.08

Desabafo

Há coisas que definitivamente não sei explicar, e não estou a pensar em teorias de relatividade e afins, não consigo explicar coisas de uma simplicidade tão grande que se tornam complicadas…talvez. Tornei-me invisível perante alguns olhos, conferi, pedi opiniões, e estava reconhecível no mínimo, e o porquê disso, eu não percebo. Tal como não percebo os olhares penetrantes em momentos que deviam ser dirigidos a outros; as indirectas directamente expressas por bocas que deviam proferir outras palavras para outras pessoas…talvez!...Mas o bichinho aqui permanece e é tão difícil livrar-me dele, é tão difícil conviver com ele, é tão difícil não voltar atrás e reviver a fantasia, é tão difícil não fantasiar o Se.
Perder, a perda do que estava em mim, do que fazia parte de mim, como é possível não chorar o que saiu de mim, da minha vida, porque bem ou mal faz parte dela, e ignorar fez a ferida ficar maior e maior. Como se uma faca tivesse sido cravada no coração e aí permanece-se evitando o esvair de lágrimas, permitindo apenas que uma gota escape sorrateiramente à minha máscara fingida. Sentar num canto escuro, perdido e esquecido pelo mundo, e lamber a ferida, encharcar o rosto, esfregar os olhos até ficarem vermelhos, soluçar até não conseguir respirar, e arrancar do peito a dor que tortura.
Ganhar, e ganhar o novo alento, sentir o pulsar do coração a bombear; encher o peito e sentir o renovar do ar nos pulmões; pensar no petisco favorito, saboreá-lo; ouvir o murmúrio do vento escondido nos fios de cabelos; poder esticar a mão e sentir a escuridão que me envolve para depois abrir os olhos e sentir que a luz que os ofusca não vai embora…está lá…talvez uns “óculos de sol” ajudem, porque apagar não é opção, não é a solução.
=)

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