18.5.08

O livro, no colo, aberto na história da velha cujo mundo era amarelo... Os olhos fixam as letras sem as conseguir ordenar. O sol, também amarelo, aquece, oferecendo todo o calor que os seus abraços desejam. O pensamento voa até ao infinito do céu. Descobre que tudo na sua vida é falso e irreal, excepto a incerteza. Esta mantém-se tão viva como a chama do fogo que destrói a esperança que vive nas árvores. Odeia-se. Não se suporta. Rasteja pela mágoa de acreditar na suposta transparência dos seres que a rodeiam. Onde está a vida real em que teima acreditar? Tudo lhe parece vão como a cinza de um lume apagado. Sente-se traída. Por si mesma. Recusa as palavras da revelação. Tudo o que tem não existe e tão pouco lhe pertence verdadeiramente. Qual terá sido a estrada que a fez errar o caminho? Tudo se desenrola num fio que parece servir para dar a volta ao mundo. Mas ela teima em acreditar no que os olhos das pessoas lhe dizem. De tão teimosa que é... agora nada tem. Nunca teve. Engana-se. Só para poder estender a mão, num gesto de ajuda, à pessoa que desenrola o fio.

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